quinta-feira, 14 de maio de 2009

Quando o ocorreu o golpe de Estado, no dia 25 de Abril de 1974, já os meus avós viviam em Castelo Branco.
O meu avô contou-me:
«No dia 25 de manhã, eu estava à janela e veio o senhor a contar a água e disse-me em voz baixa: “Isto está mau!” Eu perguntei porquê e ele disse-me que tinha ocorrido um golpe de Estado contra o Governo. Como não era muito ligado à política e não via muita televisão, era normal que ainda não soubesse da notícia. Fui trabalhar como era de costume. Quando cheguei a casa para almoçar é que soube realmente o que se tinha passado. De tarde, antes de pegar ao serviço, passei pelo posto da guarda e informaram-me que continuasse a fazer as coisas normalmente e sem problemas e para a minha mulher ficar em casa e não sair à rua para falar com ninguém sobre esse assunto.
A partir daí, notou-se que as pessoas andavam muitos mais á vontade na rua e com uma cara bem diferente devido essencialmente ao regresso dos seus maridos, filhos e irmãos que se encontravam na Guerra do Ultramar. Uns dias depois, o meu cunhado, que estava na Guerra do Ultramar, ligou-nos a chorar a dizer que finalmente tudo tinha chegado ao fim e que em breve estaria novamente em casa descansado com a família. A partir dessa data, tudo foi diferente e ainda hoje, quando me lembro do 25 de Abril, fico bastante feliz, porque só apenas há 35 é que Portugal se tornou um país livre.»



Pedro Venâncio